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Leia a coluna da semana (02/06/2025):
O que o desenho infantil pode revelar?
Por Juliana Ramiro
Desenho de criança é só rabisco? Quem nunca recebeu um papel colorido com traços soltos e ouviu um animado “olha o que eu fiz!”? Para muitos adultos, o desenho infantil é visto apenas como passatempo ou decoração de geladeira. Mas na psicanálise e outras áreas do conhecimento, como a educação, ele é entendido como uma das formas mais legítimas de expressão da subjetividade da criança.
O desenho aparece antes da escrita. É por meio dele que a criança começa a representar o mundo, as relações e a si mesma. É também através do desenho que ela simboliza desejos, angústias, medos e afetos. Ali, entre rabiscos e formas, há mensagens importantes sendo comunicadas — mesmo quando a própria criança ainda não consegue colocá-las em palavras.
Um sol muito grande pode ser uma representação de proteção ou esperança. A ausência de mãos nos personagens desenhados pode indicar dificuldades de comunicação ou de ação no mundo. Uma casa sem porta pode ser um símbolo de isolamento ou falta de acesso emocional. Claro que não se deve interpretar de maneira isolada — o contexto, a história da criança, a repetição dos elementos e a forma como ela fala sobre o que desenhou são fundamentais. O desenho é, antes de tudo, uma linguagem.
Na clínica, observamos o desenho como parte do processo terapêutico. Ele pode indicar um momento de reorganização interna, de elaboração de vivências difíceis, de construção de identidade. Também é um instrumento importante na escola, especialmente para crianças em fase de alfabetização ou que estejam enfrentando dificuldades de aprendizagem. Desenhar exige coordenação motora, atenção, planejamento, e isso nos diz muito sobre o desenvolvimento global da criança.
Um outro aspecto potente do desenho infantil, que merece destaque, é o encontro. No momento em que a criança desenha e convida o adulto a participar daquilo — “olha aqui” — ela está buscando ser vista, compreendida, acolhida. E esse gesto merece escuta sensível, não julgamento ou pressa. É uma forma de dizer: “é assim que o mundo faz sentido para mim”.
Mais do que uma produção artística, o desenho é espelho da psique em formação. E olhar para ele com curiosidade, respeito e interesse pode abrir caminhos importantes na relação com a infância.
Para aprofundar essa reflexão, no episódio desta semana do podcast Psi Por Aí, converso com a psicopedagoga e mestra em educação Claudia Figueiró Souza sobre o desenho infantil como expressão do sujeito em desenvolvimento. Um episódio para pais, educadores, terapeutas — e todos que desejam olhar para a infância com mais escuta.
Texto publicado originalmente no Litoral na Rede: https://litoralnarede.com.br/tag/saudemental/
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