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Leia a coluna da semana (07/04/2025):
O que a série Adolescência nos diz sobre nossos filhos?
Por Juliana Ramiro*
A série Adolescência tem gerado muito interesse e reflexões importantes sobre esta fase da vida, as relações entre pais e filhos e o quanto tudo pode sair muito do controle e ter um desfecho trágico. Na série, que está no Netflix e tem 4 episódios, um adolescente é acusado de matar uma colega a facadas.
A arte imita a vida e não podemos pensar a adolescência hoje sem considerar o contexto de violência autorizada que vivemos. Além da violência, uma falta de tempo. Vivemos com pressa e a vida exige calma, cuidado, observação e muito diálogo.
O adolescente faz um percurso no tempo, de crescer, que por si só já é complicado e desafiador. Deixa o corpo e o lugar da criança para se tornar algo antes do adulto, por assim dizer. A fase é uma travessia. E é na adolescente que o sujeito faz a morte simbólica dos pais, começando a construir e se encontrar com os próprios desejos. É um processo que gera conflitos, medos e insegurança. E aqueles pais que vão saindo de cena, precisam encontrar lugar nesta nova existência. Um novo tipo de presença. Aqui, para mim, reside um dos grandes problemas da adolescência e seus efeitos trágicos.
Não raro encontro histórias de pais que se deixaram morrer por completo, que deram espaço demais e largaram os filhos de mão, a própria sorte. Diante das dificuldades de se relacionar com esse sujeito em constituição, evitam a relação, que acaba se tornando de raríssimos diálogos e muitas críticas, nas poucas vezes que se cruzam dentro de casa.
O adolescente fica no quarto e os pais se sentem seguros de que ao menos não está na rua. Porém, nos dias de hoje, o quarto é um espaço conectado ao mundo, e um mundo de manipulação, poder e violência presente na internet, redes sociais, jogos on-line. A internet, assim como a arte, também imita a vida.
Neste espaço, essa subjetividade que nasce se conecta há um volume imensurável de conteúdos sem nenhuma mediação. E o diálogo familiar passa a fazer ainda mais falta.
O adolescente também precisa de conexão, colo, conversa, sentir o interesse dos pais no “mundo dele”. Que jogo seu filho joga? Que personagens ele gosta? O que assiste na internet? De onde e quem são os amigos que ele joga? Se você é pai/mãe e não sabe responder a essas perguntas, talvez seja hora de entrar no jogo, entrar no quarto e se oferecer na relação com esse sujeito, seu filho, que está crescendo e, embora rejeite o colo, precisa dele.
Nesta semana, no Episódio do Psi Por Aí, converso com a psicóloga e psicanalista Anelise Rabuske sobre o tema. E volto a falar sobre adolescência aqui na coluna na próxima semana.
Texto publicado originalmente no Litoral na Rede: https://litoralnarede.com.br/tag/saudemental/
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