PODCASTSaúde Mental é um Direito de Todos?

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Leia a coluna da semana (27/01/2025):

Saúde mental também é um direito de todos?

Por Juliana Ramiro*

Os números não mentem: estamos cada vez mais adoecidos. O Brasil ocupa, de forma alarmante, o primeiro lugar no ranking mundial de ansiedade e é o segundo país com mais casos de depressão nas Américas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Esses índices são ainda mais preocupantes entre as crianças e adolescentes, com diagnósticos de transtornos mentais crescendo significativamente nos últimos anos.

Esse aumento no número de casos reflete, em parte, uma sociedade mais adoecida, pressionada por desafios econômicos, sociais e pela hiperconexão tecnológica. No entanto, também podemos enxergar um lado positivo nesse cenário: a visibilidade sobre a saúde mental cresceu. O que antes era tratado como “bobagem”, “frescura” ou “loucura” agora ganha espaço nas conversas e nos debates públicos, trazendo a saúde mental para a pauta da saúde pública.

Mas será que estamos lidando com a saúde mental como deveríamos? Vale lembrar que a saúde, incluindo a mental, é um direito garantido pela Constituição Federal Brasileira. Isso significa que, ao buscar atendimento, as pessoas não estão pedindo “ajuda” ou um “favor” — elas estão exercendo um direito legítimo. A escolha das palavras que usamos para nos referir à saúde mental importa. Não dizemos que vamos ao dentista em busca de “ajuda”; dizemos que buscamos um tratamento necessário. A mesma lógica deveria ser aplicada à saúde mental, pois trata-se de uma questão de saúde, e não de caridade.

No entanto, o acesso à saúde mental de qualidade ainda é um desafio. A saúde pública precisa de políticas robustas e de investimentos que contemplem profissionais qualificados, infraestrutura adequada e estratégias de atendimento contínuo. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece serviços de saúde mental, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), mas sabemos que a demanda é muito maior do que a oferta. Muitos brasileiros enfrentam filas extensas ou precisam recorrer à rede privada, algo que nem todos têm condições de fazer.

Além disso, é fundamental desmistificar o acesso à saúde mental, quebrando preconceitos e barreiras que ainda afastam muitas pessoas do atendimento. A ideia de que cuidar da mente é menos importante do que cuidar do corpo ainda persiste em muitos espaços.

Cuidar da saúde mental é um direito de todos, mas também é um dever coletivo. Precisamos exigir políticas públicas que valorizem o tema, combater o estigma e promover um diálogo aberto e acessível. É necessário olhar para a saúde mental com a mesma seriedade com que olhamos para outras áreas da saúde, garantindo que todos tenham acesso a tratamentos dignos e eficazes.

Para aprofundar essa discussão, conversei no podcast Psi Por Aí com a enfermeira Amanda Luiz Maciel, especialista em Saúde Mental e Pós-Doutora em Ciências da Saúde. Falamos sobre os desafios do acesso à saúde mental pela rede pública e como podemos fortalecer políticas que garantam esse direito para todos.

 

* Juliana Ramiro é psicanalista, doutora em Letras, e uma apaixonada por música e literatura.

 

Texto publicado originalmente no Litoral na Rede: https://litoralnarede.com.br/saude-mental-tambem-e-um-direito-de-todos/

 

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